Intolerância à Lactose

A intolerância à lactose ocorre quando, por algum motivo, o organismo não consegue digerir corretamente este açúcar. No Brasil, segundo uma pesquisa realizada em 2016 pelo Instituto Datafolha, a dificuldade em digerir a lactose existente no leite e seus derivados atinge cerca de 35% da população brasileira acima de 16 anos.

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Tipos de Intolerância à lactose


A intolerância à lactose é um distúrbio digestivo associado à baixa ou nenhuma produção de lactase pelo intestino delgado. Existem três tipos de intolêrancia:


Congênita - Este tipo é devido a um problema genético, sendo muitas vezes detectada desde o nascimento da criança. O recém nascido apresenta diarreia líquida e caso não seja diagnosticado precocemente, este quadro pode levar ao óbito devido a desidratação intensa.


Primária - É uma diminuição natural e progressiva na produção de lactase, o indivíduo pode desenvolver em qualquer idade. Este tipo de intolerância também está relacionado a fatores genéticos. Pesquisas apontam que cerca de 2 a 15% de indivíduos de descendentes do norte europeu, 60 a 80% dos negros e latinos e de 80% dos índios e asiáticos desenvolvem este tipo de intolerância.


Secundária - Este tipo de intolerância é provocada por uma doença ou também por lesões que afetam o intestino, como a gastroenterite (infecção intestinal), doença celíaca, doença de Crohn, entre outras. Esta condição é temporária, uma vez que a atividade da lactase reaparece quando o epitélio do intestino se recupera.

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Sintomas


Os sintomas da intolerância à lactose se concentram no sistema digestório. A quantidade definida de lactose que irá causar sintomas varia de indivíduo para indivíduo, dependendo do seu grau de deficiência de lactase e do teor de lactose no produto consumido.
De forma geral, a maioria das pessoas intolerantes relatam certo desconforto abdominal, além de diarreia, náuseas e cólicas. Por não ser digerida da forma como deveria ser, a lactose chega ao intestino na sua forma completa e isso favorece a fermentação pelas bactérias, que realizam o processo de fermentação resultando nestes sintomas desagradáveis. Estes sintomas melhoram com a interrupção do consumo de produtos lácteos.



Como é feito o diagnóstico?


Em casos de suspeita de intolerância, deve-se procurar um médico especialista, como o gastroenterologista. Ele irá indicar algum exame para realizar o diagnóstico. Atualmente, é possível realizar 3 tipos de exames:


Exame de sangue - É o mais comum dos testes. Primeiro se colhe uma amostra de sangue do paciente em jejum e em seguida o paciente ingere uma solução de lactose. Após a ingestão, 3 amostras de sangue são colhidas em intervalos de tempo. Caso o paciente não seja intolerante, a presença de lactase no organismo irá quebrar a lactose e o resultado irá mostrar um aumento do nível de glicose no sangue. Em pacientes que não possuem a intolerância é normal que haja um aumento da glicemia em 20 mg/dL ou mais.


Teste respiratório - Quando a lactose chega no cólon ocorre a fermentação pela microbiota bacteriana que resulta na produção de gases, sendo o principal o hidrogênio. Parte deste gás é absorvido e a outra é eliminada pelo ar expirado. Assim, a quantidade expirada de gás hidrogênio pelo paciente após ingestão da lactose indica se o paciente produz ou não a lactase.


Teste genético - Este teste permite identificar a mutação do DNA relacionada à produção de lactase.


Sou intolerante, e agora?


Nos últimos anos, com a expansão desta nova oportunidade de negócio, a indústria de laticínios vem investindo no desenvolvimento e na produção de produtos com baixo teor e isentos de lactose, como os leites denominados zero lactose.

Não existe medicamento para estimular a produção de lactase pelo corpo. A intolerância deve ser administrada pelo controle da dieta.

É importante lembrar que cada organismo reage de uma forma e como os testes laboratoriais não determinam o quanto o organismo consegue processar a lactose, algumas pessoas podem sentir algum desconforto ao consumir os produtos destinados a dietas com restrições à lactose.










Referências


MATTAR R; MAZO, Daniel Ferraz de Campos. Intolerância à lactose: mudança de paradigmas com a biologia molecular. Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo , v. 56, n. 2, p. 230-236, 2010 .

SANTOS, F. F. P; OLIVEIRA, G. L; PIMENTEL, H. G. P; PINHO, K. D; VERAS, H. N. H. Intolerância à lactose e as consequências no metabolismo do cálcio. Revista Interfaces: Saúde, Humanas e Tecnologia. 2014; 2 (2): 1-7

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